quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Num Campo de Begônias Mortas

Acorda. Na cabeceira, um porta-retratos, sem fotos. No quarto, uma cama de casal, sem um casal, ela está só. Os dias sempre acabam em ponto final, vírgulas, nunca. Por mais que desejemos que este dia nunca tivesse acabado. É natal, mas ela não quer. Não deseja mais um dia que deveria ser especial, mas não será. Não é.

Charlotte se arruma e sem rumo ruma, pelas vielas de Nova York, e a cada passo que dá, cem cabeças se viram, e apreciam sua beleza, linda mulher que se perdeu, e ninguém acreditaria que esta, se encontra num campo de begônias mortas.

 Pede um capuccino e se olha no espelho. Sua visão de sépia, não enxerga mais a felicidade e no espelho, não se encontra. Um estranho senta ao seu lado, e lhe pergunta o que ela vê no espelho e diz; “Desejaria poder lhe emprestar meus olhos, vejo uma fabricante de sonhos, e linda mulher.” Conversam por horas, e então florece a primeira begônia.

A primavera sempre chega, nenhum inverno é eterno.

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